Delhi, purgatório da beleza e do caos

Nossa primeira parada foi em Delhi, a capital da Índia.

Não posso falar que esperava algo mais organizado, pois seria mentira. A cidade é uma loucura, sem tirar nem por e a primeira experiência foi com o trânsito quando saímos do aeroporto para o hotel. Eu nunca tinha ouvido tanta buzina na minha vida e nem tantos carros juntos, um cortando o outro, buzinando, sem respeito nenhum pela linha que demarca sua fila. Gente, sou carioca, sei muito bem que o transito no Rio está muito longe do ideal e que respeito é algo que passa longe, mas nunca havia vivenciado tamanha loucura. Segundo meu digníssimo marido, a buzina deles já vem apertada de fábrica, você tem que desapertá-la quando dirige hahaha por isso tanto barulho.

capital-delhi-3
Vista do Hotel e a perceptível poluição
A capital se divide entre a velha e a nova Delhi. Dois lados de uma mesma cidade, uma cultura que transcende o que conhecemos. A capital é cheia de gente, um país com uma população que só perde para China em quantidade (confira AQUI os países mais populosos), é muita gente, muita variedade, muitos cheiros e muitas experiências. Uma cidade que mescla sua história com uma população extremamente pobre, sendo um contraste bem marcante entre os luxuosos templos com todo seu ouro, os ostentantes hotéis de luxos e suas muitas estrelas, os ricos com seus carros novos com motoristas e sua população de pedintes  e miseráveis espalhada pela capital.

Delhi é capital da Índia desde 1947, quando foi declarada à independência do país. Antes disso a capital da colônia britânica era Calcutá, que teve o título de capital até 1911, quando foi decidido mudar a capital para o norte visando melhor controlar o país e depois de independente Delhi continuou e se tornou a oficial capital da República da Índia.

A influência dos britânicos e bastante perceptível nesta parte nova da cidade, as misturas do ocidente com a arquitetura típica e as cores vibrantes características do indiano. Você vai andando pelas avenidas largas de influência européia e se esbarra com uma vaca descansando na calçada, macacos soltos (eles eram enormes). As milhões de rotatórias – influência dos ingleses – não facilitam em nada o trânsito deles, acredito, inclusive, que apenas os confundem mais. A mão inglesa é outra característica que nos remete à colonização. E assim é formada a cidade, um misto de loucura, desorganização e organização de um jeito particular deles, talvez longe do meu entendimento e visão de mundo, mas assim é composta a cidade: o caos indiano, mas que eles se entendem. Uma frase que para mim define Delhi é o tal purgatório da beleza e do caos.

capital-delhi-2
Pelas ruas de Delhi
A Nova Delhi (New Delhi) é onde fica o centro econômico do país, o parlamento, as casas e hotéis chiques. Tudo do “bom e do melhor” fica nesta parte da cidade, inclusive a sede do governo e alguns órgãos de outros países, como as embaixadas. A segurança nesta parte da cidade é bem visível, cheio de militares caminhando, carros de polícia passando e aquele barulho de sirene bem característico da capital.

A cidade foi projetada por um arquiteto britânico e é bem possível ver a diferença entre a nova e a velha cidade.

A Velha Delhi (Old Delhi) já tem outra característica, as ruas são menores, estreitas, com seus muitos mercados, templos, mesquitas e fortes, contando um pouco da história de um povo que tem muitos séculos de história para contar e mostrar.

Um país de muita história, com muitos impérios e muitas influências. Já teve comando muçulmano (que explica o número de mesquitas no país), já teve comando inglês, já teve comando persa e até português em uma parte do país, e tudo isto misturado por um povo com cultura milenar e muitas religiões. Andar pelas ruas de Delhi é uma experiência, no mínimo antropológica, somos parados por transeuntes que veem em nossa cor uma oportunidade para praticar o inglês e sim, puxam assunto, são curiosos e querem saber o que nos trazem do ocidente para a capital, pra onde iremos, qual nosso roteiro. Um povo extremamente curioso, simpático e sempre disposto a ajudar. Não ache que não tem os ruins, somos seres humanos e isso faz parte. Porém, nossa experiência foi repleta de boas energias.

capital-delhi-1
Por dentro das ruelas da Velha Delhi, dentro de um Rickshaw após a chuva
Caminhando pelas ruas de Delhi é possível se deparar com cenas e contrastes enormes, mulheres vestidas em belos saris e outros nem tão belos ou limpos, homens em tecidos que nos remetem às saias ocidentais, muitos pedintes pelas ruas, crianças nuas, tuks tuks e rickshaws nos parando perguntando para onde queríamos ir, motoristas indagando o motivo de quereremos andar quando poderíamos pagar um transporte, todos sendo protagonistas de uma história caótica de uma capital repleta de lixo e moscas e muita pobreza latente, contrastado com tanta história de riqueza.

Não existe essa de a primeira impressão nesta cidade, ou até neste país, ou então você vai odiar o que viu. Eu, particularmente fiquei chocada com tanta desigualdade, tanta pobreza, mas isto também é explicado quando um país tem a religião tão integrada nos sistemas de políticas públicas. Sem querer debater à respeito de política e religião, pois tenho a minha opinião bem formada e respeito quem pensa diferente de mim.

E esta é a palavra que, para mim, define a capital do segundo país mais populoso do mundo: caótica.

 

 

 

 

 

Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s